Servidores denunciam descredenciamento de médicos e clínicas do Sassepe

Agente comunitária precisa levar filho autista de 7 anos de Itamaracá ao Recife para fazer terapias. Antes atendimento era realizado em Olinda.

Servidores públicos de Pernambuco, assim como seus dependentes, denunciam que estão encontrando dificuldades para fazer exames e terapias nas clínicas da rede credenciada do Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado de Pernambuco (Sassepe).

É o caso da agente comunitária Sanielle Pereira Xavier, moradora de Itamaracá. No início do mês ela foi informada que a clínica onde o filho dela fazia terapia, em Olinda, não atende mais o plano de saúde dos servidores do estado. O filho de Sanielle tem 7 anos e é autista.

O comunicado da clínica foi enviado por carta, informando que “as atividades estarão suspensas por tempo indeterminado aos usuários do Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado de Pernambuco em razão da não renovação contratual junto ao Sassepe”.

“Imediatamente tentei manter o contato com o Sassepe, sem êxito. Após várias tentativas, fui comunicada que o Sassepe tinha clínica no Espinheiro. Estive lá pra conhecer e fui informada que as sessões do meu filho seriam reduzidas em 50%. Meu filho realizava oito sessões por semana e nesta clínica iria realizar apenas quatro”, denunciou.

Além da redução no número de consultas, Sanielle também vai precisar dedicar mais tempo no trânsito para poder dar continuidade à terapia do filho no bairro do Espinheiro, na Zona Norte do Recife.

“O deslocamento para o Espinheiro dá, em média, uma hora e vinte [minutos], enquanto nós tiraríamos apenas uma hora em Olinda. Ele vinha apresentando bom desenvolvimento e estava adaptado; então o Sassepe não dá outra alternativa, apenas essa”, contou.

A professora aposentada Telma Tenório Vaz também foi impactada pelas mudanças na rede. Ela não está conseguindo marcar a mamografia, exame importante para prevenção do câncer de mama e identificação de nódulos em fase inicial.

“Sempre procuro fazer meus exames no Recife, porque tirei um nódulo em 2003 e fico acompanhando. Fui comunicada, três ou quatro dias antes [do exame], que foi suspenso o credenciamento do Sassepe e tive que fazer particular.

Telma mora no município de Pedra, no Agreste do estado. Em entrevista à TV Globo, ela contou que a cidade mais próxima com atendimento do Sassepe é Arcoverde, no Sertão. De acordo com a aposentada, mesmo em Arcoverde ela só consegue realizar exames de sangue.

O que diz o governo

Procurado pela reportagem, o governo de Pernambuco informou que nenhuma clínica foi descredenciada, mas que alguns contratos chegaram ao fim. Segundo o executivo estadual, a situação será regularizada com um novo chamamento público da rede credenciada, mas não informou nenhum prazo para isso.

O governo do estado não informou porque essa regularização não foi feita antes do convênio do estado com as clínicas chegar ao prazo final, apenas informou que vai enviar para a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) um projeto de lei para fazer a reestruturação do Sassepe e para pagar pendências do ano passado.

Hospital dos Servidores do Estado de Pernambuco recebe grande parte de demanda dos usuários do Sassepe — Foto: Reprodução/TV Globo

Hospital dos Servidores do Estado de Pernambuco recebe grande parte de demanda dos usuários do Sassepe — Foto: Reprodução/TV Globo

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