Apesar da recorrência recente, achar uma cápsula bolsa de sereia, como também é chamado o ovo, é um evento raro
Nativo da ilha, Nego Noronha chegou por volta das 9h (horário local) na ponta do Air France, região próxima ao Porto de Santo Antônio, onde há piscinas naturais. Ele, que tira seu sustento da pesca de polvos e tinha ido ao local para trabalhar, disse que ficou curioso ao ver o ovo boiando no mar.
“Não sabia o que era. Peguei, filmei e depois tirei foto. Depois teve uma hora que afundou”, relatou Nego Noronha à reportagem. “Nunca tinha visto na minha vida, por isso fiquei curioso. Parecia uma bolinha”, acrescentou o pescador.
“Teve um registro de mergulhador quase um mês atrás, de cores diferentes”, completou o pescador ao citar um recente flagrante de ovo de tubarão na ilha, feito no final de agosto. Após fazer as fotos e vídeos, Nego Noronha devolveu o ovo ao oceano.
Algumas espécies de tubarão, como o tubarão-lixa, são ovovivíparos – o embrião se desenvolve dentro de um ovo no oviduto da fêmea.
Especialista em tubarões, o engenheiro de pesca Léo Veras afirma que o ovo de tubarão pode ser considerado “lixo natural” e indica que a população de tubarões de Fernando de Noronha está saudável e se reproduzindo.
Não há recomendações rígidas caso alguém encontre algum ovo similar e queira retirá-lo do oceano, uma vez que não há risco ao equilíbrio ambiental. “Pode até guardar como souvenir. É como se fosse a casca de um ovo que eclodiu, o tubarão não está mais. Depois que nasce o filhote, sai e descarta a pele de ovo”, explicou Léo. Segundo ele, a fêmea de tubarão-lixa choca o ovo dentro do seu ventre.
“É raro de encontrar porque o próprio oceano se encarrega de levar ou muitas vezes fica misturado em alga e sargaço e a pessoa não vê”, completou o engenheiro de pesca. Segundo ele, os achados podem ser resultado de uma coincidência entre a época de reprodução da espécie e condições oceânicas favoráveis.
FONTE: FOLHA PE