Incêndio atinge galpão da Cinemateca Brasileira em São Paulo

Um incêndio atingiu um galpão da Cinemateca Brasileira na Vila Leopoldina, em São Paulo, no início da noite desta quinta-feira (29). O Corpo de Bombeiros recebeu o chamado por volta das 18h. Ao todo, foram enviados ao local 70 bombeiros e dezoito viaturas. O fogo já está contigo e deve ser totalmente apagado em breve.

De acordo com a bombeira Karina Paula Moreira, em entrevista para Globo News, o incidente teria começado no teto de uma sala de acervo histórico de filmes, no primeiro andar, durante uma manutenção de ar condicionado, conduzida por uma empresa terceirazada contratada pelo Governo Federal. 

Ainda segundo Karina, o local da origem do incêndio é dividido em três salas, que foram atingidas pelas chamas, e a parte do térreo não foi atingida pelas chamas.
 
No galpão, de cerca de 6.356m², estava parte do acervo da Cinemateca Brasileira com filmes de 35 mm e 16 mm, feitos de material altamente inflamável. Eles seriam cópias para exibição, os rolos originais ficam em outro local. O edifício principal da Cinemateca, na Vila Mariana, não foi atingido. 

No acervo, também ficam guardados o material da Programadora Brasil, antigo projeto do Ministério da Cultura para exibição de conteúdos em circuitos não comerciais, documentos e equipamentos museológicos, como projetores antigos.
 
Para o governador João Doria, o incidente foi um crime contra a cultura.




Nos últimos anos, vários prédios dessa instituição, fundada em 1940, foram afetados por quatro incêndios e uma inundação. Cineastas, artistas e funcionários denunciam há meses uma política de “desmonte” da Cinemateca pelo governo de Bolsonaro.
 
Em julho de 2020, o Ministério Público de São Paulo ajuizou uma ação contra o governo federal por “abandono” da Cinemateca, questionando a retenção de recursos e a ausência de um gestor. No mês seguinte, a instituição parou de funcionar e 41 funcionários foram demitidos.
 
Em abril deste ano, um “Manifesto dos Trabalhadores da Cinemateca Brasileira” alertava para o “risco de incêndio”, devido à falta de cuidado com “o acervo, os equipamentos, as bases de dados e a edificação da instituição”.
 
O incêndio desta quinta-feira foi “uma tragédia anunciada”, disse o crítico de cinema Lauro Escorel à GloboNews.
 
O cineasta Kléber Mendonça denunciou em entrevista à AFP no início deste mês em Cannes, na França, a “sabotagem do sistema de apoio à cultura” e em particular a situação da Cinemateca.
 
“Sobre o fechamento da Cinemateca, nem sei como falar. É como se hoje o Brasil não tivesse aceso ao seu álbum de família. A Cinemateca não e só um depósito, é um lugar vivo com a memória do pais”, declarou o diretor do Bacurau.
 
FONTE: DIARIO PE

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.