Recife e Olinda: um conto de duas cidades-irmãs

Uma é tecnologia e correria, outra é arte e criatividade. Uma é Manuel Bandeira e Gilberto Freyre, outra é Alceu Valença e J. Michiles. Ao mesmo tempo as duas se misturam em uma fusão de tapioca, passinho, frevo, rio e mar. Tem música, parque tecnológico, luta e muita história. Recife e Olinda, as cidades-irmãs, completam hoje 483 e 485 anos de existência, respectivamente. Somadas, as duas abrigam em suas ruas históricas quase dois milhões de habitantes, que tanto se confundem.

As ligações entre as cidades já não são apenas físicas, são feitas de pessoas que vivem entre as irmãs e nelas construíram suas histórias. De acordo com a Pesquisa Origem/Destino Metropolitana 2018/2019, a população residente no Recife e em Olinda que trabalha soma 1.137.280 pessoas. Destas, pelo menos 164.994 residem e trabalham no município de Olinda e desse recorte, 703.407 trabalham no Recife. Já no Recife, 972.286 residem e trabalham na mesma cidade. Desse recorte, apenas 11.667 trabalha em Olinda. Isto sem contar com os autônomos, estudantes e turistas que cruzam diariamente os limites das cidades que, de tão próximas, parecem a mesma.

São cidadãos como a doula Luiza Falcão, natural de Olinda e que ajuda crianças do Recife a nascer; o arquiteto e empreendedor Isac Filho, que construiu diversos projetos na capital, mas tocou o seu próprio na Marim dos Caetés; e o administrador Guila Calheiros, que mora no Sítio Histórico de Olinda, mas trabalha como secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Recife, que fazem as duas cidades se integrarem ainda mais. 

Há ainda quem viva entre as duas aniversariantes e, por isso, quase nunca veja motivo para comemorar. A professora Ana Souza e a líder comunitária Fabíola Freire, por exemplo, moram na Rua Virtuosa de Lucena, no bairro de Beberibe, Zona Norte de Recife, e atravessam apenas uma ponte para chegar a Olinda. Ponte esta que foi construída acima do Rio Beberibe, que corta as duas cidades. Embora realizem assembleias, às quais representantes do poder público são convidados, não conseguiram apoio de nenhuma das partes para a limpeza da bacia e, por isso, em todo o inverno precisam lidar com as cheias, que levam embora carros e casas dos habitantes mais próximos às margens. O dia é de comemoração pelo aniversário das irmãs, mas também uma celebração a quem constrói a história de ambas. 

FONTE: DP

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