Segundo inquérito contra médico suspeito de abuso sexual será remetido à Justiça

Via Diário de Pernambuco
 
Mais uma investigação contra o médico Kid Nélio de Souza Melo, 35, suspeito de praticar crimes sexuais na UPA da Imbiribeira e num hospital particular no Espinheiro, será remetida à Justiça. Até o fim desta semana, a Polícia Civil concluirá o segundo inquérito instaurado para apurar os abusos. 
 
O procedimento diz respeito a um caso de violência sexual mediante fraude, também denominado de estelionato sexual. Esse poderá ser o terceiro revés seguido do médico, que foi preso preventivamente e teve a primeira denúncia contra si oferecida pelo Ministério Público e aceita pela Justiça, transformando-o em réu.
 
Pelo menos nove inquéritos teriam sido abertos depois que mulheres procuraram a polícia para denunciar os crimes envolvendo Kid Nélio, desde 21 de fevereiro. A primeira denúncia oferecida pela Central de Inquéritos do Ministério Público (MPPE) considera o depoimento da primeira vítima a procurar a polícia, uma adolescente de 18 anos que teria sido estuprada durante exames dentro da UPA.
 
O MPPE afirmou que a denúncia corre em segredo de Justiça, tendo em vista que as práticas do médico se enquadram dentre os crimes contra a dignidade sexual, por isso não foram repassados detalhes. A denúncia foi recebida no dia 28 de março, na 17ª Vara Criminal do Recife, e o mandado expedido na última segunda-feira. A juíza Blanche Matos designou dez dias para o acusado apresentar defesa. Só depois disso é que poderão ser marcadas a primeira audiência e o julgamento do caso.
 
Uma segunda denúncia poderá se somar a essa. É referente ao inquérito que será remetido pela Polícia Civil para apreciação, nesta semana, para a Justiça. O crime de violência sexual mediante fraude consiste em ter conjunção carnal ou praticar ato libidinoso com alguém mediante fraude ou meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. A pena é de reclusão de dois a seis anos. Nessa etapa, a Central de Inquéritos do MPPE apreciará o documento e poderá tanto oferecer a denúncia quanto pedir mais digilência à polícia.
 
Kid Nélio está preso no Centro de Observação e Triagem Everardo Luna (Cotel), desde o último dia 2 de março. A última queixa contra ele feita por uma das vítimas foi formalizada na semana seguinte à prisão. Um total de 12 pessoas acusaram o médico. No dia seguinte à adolescente de 18 anos, uma universitária procurou a polícia para fazer denúncia de abuso sexual, desencadeando uma série de acusações. Ele é suspeito de cometer crimes contra mulheres de 18 a 39 anos. Dos 12 casos, sete teriam ocorrido na UPA e cinco no hospital. O primeiro teria acontecido em 16 de agosto de 2016.
 
Kid Nélio é graduado em medicina pela UFRN, em 2009. Ele tem especialização e atuava como ortopedista e traumatologista, com ênfase em cirurgia. É casado há quatro anos e não tem filhos. O médico havia se mudado para o Recife em 2014, com a mulher. Em depoimento, ele afirmou que manteve relações sexuais com apenas duas das denunciantes, mas que os atos teriam sido consensuais. 
 
Advogados do médico chegaram a entrar com pedido de relaxamento de prisão, negado pela Justiça. O Diario tentou entrar em contato com a defesa de Kid, mas não obteve retorno até o fechamento da edição. As investigações são presididas pela Delegada Ana Elisa, da Delegacia da Mulher de Santo Amaro.
 
Carta
Kid também é investigado em sindicância aberta pelo Conselho Regional de Medicina de Pernambuco. Depois de tentar sem sucesso comunicação com o médico e sua defesa, o conselho decidiu que enviará, nesta semana, uma carta direto para o Cotel solicitando a defesa dele. O procedimento, que pode levar à perda do registro, depende desta resposta, que confere a manifestação do direito de ampla defesa, para prosseguir até a conclusão.

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