Em Pernambuco, cresce o número de crianças desaparecidas

Chico Peixoto/LeiaJá

Via Leia Já

No estado de Pernambuco, 125 famílias convivem, diariamente, com as inquietações da incerteza. Agarradas à esperança, última a morrer, sonham com o dia do reencontro. Segundo informações da Polícia Civil, em todo ano de 2017, 125 crianças e adolescentes desapareceram nos municípios pernambucanos. O número representa um aumento de 14% em relação ao ano de 2016 – que havia notificado 110 ocorrências.

O órgão aponta que, maioria das vezes, os desaparecimentos são ocasionados por “fugas voluntárias do lar”, sendo essas fugas comumente acarretadas por brigas das crianças com os pais ou, no caso de adolescentes, em função de namoros ou relacionamentos pela internet, com o aliciamento para o mundo do crime também responsável pelo desaparecimento dos menores.

Sem um sistema que unifique todas as denúncias de desaparecidos, desde crianças a idosos, ter uma certeza sobre todos os casos de desaparecimentos no país é um problema. A militante e fundadora da ONG Mães da Sé, Vanise Experidiã, salientou que “nós não temos um registro de quantas crianças estão desaparecidas no Brasil porque, infelizmente, não temos uma unificação de informações. Cada estado trabalha com uma estatística; que no fim das contas não acabam ‘casando’ nacionalmente”. Ela aponta ainda que foi ‘ensaiado’ um cadastro nacional de crianças e adolescentes desaparecidas em 2013, “mas se entrar no site agora você só vai ver trezentas e poucas crianças cadastradas”, o que pra Vanise é um número incompatível com a realidade do país.

O conselheiro tutelar André Torres também aponta a falta de um cadastro nacional de crianças e adolescentes desaparecidos como um problema. “Eu mesmo defendo que se crie (também) um cadastro de encontrados. Geralmente o conselho tutelar é procurado por pessoas que perderam seus filhos e, de imediato, nós encaminhamos e orientamos o público a procurar a delegacia mais próxima de sua residência ou o Departamento de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA)”.  

O conselheiro diz que há um entrave no Estado para tais procedimentos, já que “apesar de qualquer delegacia ter o dever de registrar de forma imediata o desaparecimento, temos alguns relatos de responsáveis de que algumas delegacias se negam a fazer tal procedimento, alegando ter que esperar no mínimo 48 horas para registrar a ocorrência”.

Sobre isso, a assessoria da DPCA explica que não é necessário esperar 24h para que seja informado o desaparecimento à polícia e ela inicie as buscas imediatas; no entanto, quem faz a denúncia é instruído para entrar em contato com todos da família e em locais prováveis onde o menor possa estar.

De Acordo com a Civil, nos quatro primeiros meses de 2018, Pernambuco registrou uma redução de 21% nos números de crianças desaparecidas. De janeiro a abril de 2018, foram 37 ocorrências registradas em todo o Estado, contra 47 notificadas no mesmo período de 2017.

 

Serviço

Departamento de Proteção a Criança e Adolescente 

Telefone: 81 3184-3578 

e-mail: dpcadesaparecidos@policiacivil.pe.gov.pe

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