Duas semanas após temporal que deixou 12 mortos e centenas de desabrigados, a Folha de Pernambuco percorreu locais atingidos pela cheia no Grande Recife
A Folha de Pernambuco percorreu alguns dos locais atingidos pela cheia na Região Metropolitana e conversou com moradores que tiveram prejuízos. Entre eles está Maria de Fátima da Silva Rodrigues, 48, que mora com o marido e a irmã de 28 anos na rua Pedro Henrique, no Loteamento Riacho de Prata 2, no bairro de Maranguape 2, Paulista. Assim como nas vias do entorno, os buracos formaram grandes poças que atrapalham a passagem de carros e pedestres. “Entrei em desespero. Minha mãe, que anda em cadeira de rodas, mora em frente à minha casa e começou a entrar água lá. Disse para ela se deitar e deixar as pernas para cima. Quando cheguei aqui em casa, a água estava quase no joelho”, recorda.
Por causa dos alagamentos, ela diz que há três anos, depois que perdeu todos os móveis para outra enchente, fez uma reforma na casa, elevando o piso em 70 centímetros. “Ficou tudo uma lagoa. A rua não tem saneamento nenhum. É a gente que constrói caixa de esgoto”, conta.
Com o retorno do esgotamento sanitário, também é comum aparecer bichos, o que traz risco de doenças. “Vem fossa, vem rato, escorpião. Semana passada entrou uma jiboia”, revela.
Lixo
Mais perto da praia, no bairro do Janga, o lixo toma conta das ruas que ficam no entorno do Conjunto Beira Mar. Na avenida Doutor Luís Inácio de Andrade Lima, os rejeitos das barracas da feira, pontos comerciais e condomínios chegam a dificultar a passagem nas esquinas e no meio das calçadas.
A trabalhadora autônoma Cironeide Mendes Guerra, 67, que vive nas proximidades, denuncia que a coleta não é feita há duas semanas. “Quando chove, alaga muito. Quando a gente precisa comprar alguma coisa [na feira], não tem condições de passar. Lixo, mato, aí junta tudo”, critica.
A Secretaria de Serviços Públicos de Paulista informou, por meio de nota, que uma equipe do órgão já esteve na localidade e constatou que o solo encharcado em ruas como a Pedro Henrique, em Maranguape 2, impossibilita o trabalho de nivelamento da via. O texto diz também que, assim que o tempo estiver mais firme, será realizado o serviço para acabar com as poças.
Quanto à coleta de lixo no bairro do Janga, a secretaria disse que o contrato com a empresa que fazia o serviço venceu no último fim de semana e está sendo feita uma licitação para contratação de uma nova companhia especializada. Enquanto dura o processo, foi feito um contrato temporário de 180 dias, de forma emergencial, com outra empresa, que, segundo a prefeitura, retomou o trabalho na segunda-feira, com 240 profissionais para coleta, varrição, capinação e pintura de meio-fio. Ainda de acordo com a secretaria, o processo licitatório está sendo acompanhado pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas do Estado.
Já em relação ao esgoto na rua Pedro Henrique,a Compesa informou que não opera na rede coletora de esgoto da rua, no Loteamento Riacho do Prata 2, em Maranguape II. “Essa área será contemplada com obras de esgotamento sanitário por meio do Programa Cidade Saneada, a Parceria Público Privada ( PPP do Saneamento). O Programa prevê a ampliação de sistemas de esgoto onde a Compesa já atua e implantação de sistemas em áreas ainda não contempladas por esses serviços em 15 cidades da Região Metropolitana do Recife”, declarou em nota.