Aliados do senador Fernando Bezerra Coelho, líder do governo Bolsonaro no Senado, contaram, nesta tarde, em Brasília, que o ministro da Justiça Sérgio Moro teria uma agenda em Paulista, na zona Norte do Grande Recife, nesta tarde, para vistoriar o andamento das ações de segurança implementadas em um projeto especial do governo federal e Estadual, no combate à violência.
Pelo roteiro agendado, o ministro Moro viria com o senador FBC em um vôo da FAB, onde aqui encontrariam o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, que também participaria da visita de trabalho.
No entanto, desde terça-feira, de acordo com os aliados de FBC, o ministro da Justiça cancelou a visita.
A justificativa era que o governador Paulo Câmara estaria em Fernando de Noronha, onde de fato o socialista entregou casas populares nesta manha de quinta-feira.
Para o entorno do senador do MDB ele enfrenta uma tempestade quase perfeita.
“Não se sabe de que lado vem este fogo amigo? Um dos beneficiários é o Onix, depois que se especulou que FBC iria assumir a Casa Civil. Também tem a PF, interessada em reafirmar a sua independência. No Senado, FBC estava cuidando da nomeação do filho do presidente para embaixada nos EUA. Também cuidava da articulação para a sabatina do novo procurador Geral. Também se está às vésperas do julgamento dos vetos de Bolsonaro sobre a lei de abuso de autoridade”, cita uma fonte, enumerando a quantidade de minas em campo.
“A operação, que atingiu uma figura importante para o governo no Congresso, Fernando Bezerra, acontece em meio às discussões sobre a demissão do diretor-geral da PF e à pressão de um grupo no Senado para a criação da CPI Lava Toga. Investigadores com algum conhecimento da questão avaliam a busca e apreensão como um procedimento necessário, fundamental e justificado para se avançar nas investigações. O caso é considerado o mais embasado em relação ao senador Bezerra, inclusive com indícios de repasse de dinheiro a empresas da família.
No entanto, o timing da realização da operação – mais 2 anos após o início da tramitação do inquérito – pode ser lido como uma represália da PF. Os policiais federais querem também a aprovação da autonomia da PF para evitar eventuais interferências políticas nos cargos chave da corporação.
O pedido de medidas invasivas foi autorizado pelo ministro Luís Roberto Barroso a pedido da Polícia Federal, mas a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, se posicionou contra buscas e apreensões no gabinete do senador. Segundo ela, seria ineficaz fazer buscas nos endereços de Bezerra, porque os indícios apontavam justamente para um esforço de omissão da participação dele.
A investigação contra Fernando Bezerra é baseada na delação do empresário João Lyra, que vem a ser o dono do avião que caiu, em 2014, levando o então candidato à Presidente Eduardo Campos. No acordo fechado em janeiro de 2017, ainda pelo ex-PGR Rodrigo Janot, ele narrou desvios nas obras de transposição do Rio São Francisco, quando Fernando Bezerra era ministro do governo Dilma Rousseff”.
FONTE: BLOG DO JAMILDO.