Carne, leite e ovo podem ajudar o câncer a se espalhar, mostra estudo

Foto: André Frutuoso
Via Diário de Pernambuco
 
Dietas balanceadas podem ajudar na luta contra tumores malignos. Entre eles o câncer de mama triplo negativo, um dos mais agressivos. Cientistas do Centro Médico Cedars-Sinai (EUA) e do Cancer Research UK (Reino Unido) descobriram que uma substância presente em alimentos consumidos diariamente pode fazer a diferença no avanço desse carcinoma. É a asparagina, encontrada em maior quantidade em aspargos, carne vermelha, peixes, leites e ovos. Reduzir o consumo desse aminoácido, mostra estudo divulgado na revista Nature, pode evitar a propagação da doença para outras partes do corpo.
 
Os testes foram feitos com roedores. “Nós descobrimos que a atividade do aminoácido asparagina foi associada à metástase. Quando demos dietas com baixa asparagina para os ratos, ou os tratamos com o medicamento L-Asparaginase (que destrói a asparagina), a metástase foi reduzida”, conta Simon Knott, um dos investigadores. A hipótese da equipe é que, quando o tumor é primário, restrito à mama, a asparagina está fortemente associada à disseminação posterior dele.
 
Para o mastologista Marcelo Bello, diretor do Hospital do Câncer III, do Instituto Nacional de Câncer, o estudo é inovador na compreensão da disseminação da doença e pode abrir uma nova porta para o tratamento. “Buscar o que influencia na disseminação do câncer é fundamental tanto no câncer de mama quanto em qualquer outro. Esse estudo demonstra mais um caminho em que poderemos atuar, além de novas possibilidades terapêuticas”, avalia.

Simon Knott, porém, ressalta que há muito a ser investigado. “Não estamos prontos para declarar que mulheres com câncer de mama deveriam mudar suas dietas alimentares baseados nesse estudo”, ressalta. Segundo o autor, nos experimentos, o nível de asparagina foi associado à metástase, mas não houve evidência que permita afirmar que uma dieta com baixo nível do aminoácido é beneficial para humanos.
 
Como o aminoácido também é produzido pelo fígado, André Murad, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), acredita que, mesmo se confirmada a associação, seria mais fácil bloqueá-lo por medicamento do que por dieta. “Já existe o remédio, inclusive”, justifica. Antes dos novos resultados, porém, o oncologista ressalta a importância de cuidar da dieta para se proteger de cânceres. “É preciso evitar alimentação rica em gordura animal, alimentos industrializados e ricos em gordura trans. Esses são muito prejudiciais, cancerígenos e aumentam a taxa de recaída do tumor”, lista

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