Protesto de caminhoneiros afeta fornecimento e gasolina chega a ser vendida a R$ 8,99 no Recife

Foto: G1 Pernambuco

Via G1 Pernambuco

O litro da gasolina chegou a ser vendido a R$ 8,99 nesta quarta-feira (23) no Recife após o abastecimento dos postos de combustíveis ser afetado devido ao terceiro dia de protestos dos caminhoneiros contra o aumento do preço do diesel. Alguns postos na Região Metropolitana fecharam por falta de combustíveis para revenda, como na Avenida Getúlio Vargas, em Olinda.

Na noite desta quarta (23), o posto localizado no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife, onde o litro da gasolina passou a ser vendido a R$ 8,99 foi interditado pelo Programa de Orientação e Proteção ao Consumidor (Procon-PE). O estabelecimento recebeu uma multa no valor de R$ 500 mil e terá que ficar sem funcionar durante 72 horas.

Outros três postos na capital pernambucana também foram autuados por preços abusivos. Dois deles, localizados na Avenida Norte, no bairro de Santo Amaro, no Centro da cidade, tinham preços a R$ 5,59 e R$ 4,99. O outro estabelecimento fica em Boa Viagem, na Zona Sul, onde a gasolina estava sendo vendida a R$ 4,89. Na segunda (21), o preço do combustível, no mesmo estabelecimento, era de R$ 4,39. 

Os caminhoneiros realizam protestos em diversas rodovias do estado. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), na BR-101, no Grande Recife, há dois pontos de manifestações na noite desta quarta (23): um no quilômetro 83, em Jaboatão dos Guararapes; outro no quilômetro 50, em Abreu e Lima.

No Cabo de Santo Agostinho, houve bloqueio na via, encerrado às 15h50. À tarde, em Jaboatão, houve manifestação no quilômetro 16 da BR-232, mas o ato foi encerrado às 16h30.

Por conta das manifestações, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a Universidade de Pernambuco (UPE) suspenderam as aulas e o expediente administrativo a partir da noite desta quarta (23) até o meio-dia da quinta (24).

Suape

Nesta quarta-feira (23), os terminais instalados no Porto de Suape, no Grande Recife, tiveram o acesso de caminhões interrompido por um grupo de manifestantes, segundo a administração do complexo portuário. Com a mobilização nacinal, a carga e descarga de produtos e as operações portuárias estão comprometidas. Ônibus e veículos menores têm acesso normal.

A Justiça Federal concedou liminar, na noite de terça (22), determinando que o Sindicato dos Condutores em Transportes de Cargas Autônomos de Pernambuco (Sintracape) autorize o acesso de uma empresa terceirizada, que transporta combustível aeroviário, ao Porto de Suape.

A Infraero apontou que os aeroportos operam normalmente nesta quarta (23) e que monitora o abastecimento de querosene de aviação por parte dos fornecedores que atuam nos terminais, além de estar em contato com companhias aéreas e órgãos públicos relacionados ao setor aéreo para garantir o fornecimento de combustível de aviação.

A medida atende a um pedido da União, já que o protesto afeta tanto a atividade portuária quanto a regularidade de fornecimento de combustíveis para o Aeroporto Internacional do Recife-Guararapes/Gilberto Freyre. Por volta das 9h, o Porto de Suape informou que os manifestantes permitiram o acesso dos caminhões que fazem transporte de combustível de aviação.

De acordo com a administração do porto, 12 navios estão na área do ancouradouro, por causa de indisponibilidade de área para armazenagem de mercadoria nos tanques. Em poucos dias, o porto estima que outros navios sejam impedidos de atracar em Suape por causa da lotação da área para armazenagem ou falta de carga para embarque. Todas as empresas do porto organizado e embarcações tiveram o fornecimento de mantimentos interrompido.

As operações de embarque e desembarque de veículos foram canceladas devido à ausência de carga da fábrica da Fiat em Goiana, no Grande Recife, e em Betim, em Minas Gerais. De acordo com o porto, os silos da Bunge Moinho, que armazena trigo, estão quase sem capacidade de armazenamento, impossibilitados de receber o produto de novas embarcações e de realizar a distribuição para padarias e indústrias.

 
 Porto de Suape fica no Grande Recife (Foto: Ascom/Suape)

Porto de Suape fica no Grande Recife (Foto: Ascom/Suape)

Com a paralisação, o Terminal de Contêineres (Tecon Suape) corre o risco de ter a operação comprometida, já que os equipamentos que fazem a operação marítima de embarque e desembarque dos contêineres (portêineres) necessitam de óleo combustível para funcionamento e porque não há escoamento das mercadorias por via rodoviária.

Na terça-feira (22), os manifestantes permitiram a entrada de um caminhão carregado com nitrogênio para o resfriamento do terminal da Ultracargo, que armazena produtos de alta periculosidade. O produto, não disponível no porto, é suficiente para operação até esta quarta-feira (23).

O gás de cozinha (Gás Liquefeito de Petróleo) que atende diariamente a cerca de 30 mil famílias e pequenos comércios em diversas cidades de Pernambuco sai de Suape. Desde segunda-feira (21), nenhum produto foi retirado do porto. O desabastecimento, segundo o porto, impacta 200 clientes diretos por dia, como hospitais, indústrias, restaurantes, hotéis e prédios residenciais.

O óleo combustível utilizado em geradores convencionais que funcionam em locais como hospitais, escolas e postos de saúde, também não saiu do porto, assim como a gasolina e etanol que estão no terminal.

A termoelétrica Suape Energia também não recebeu óleo combustível, que é transportado apenas por via rodoviária. Toda a carga encontra-se armazenada dentro do porto organizado.

 
 Aeroporto do Recife tem combustível suficiente apenas para esta quarta (23), alerta Infraero (Foto: Arquivo G1)

Aeroporto do Recife tem combustível suficiente apenas para esta quarta (23), alerta Infraero (Foto: Arquivo G1)

Correios e aeroporto

A não distribuição de combustível também afeta a operação dos Correios, que suspenderam as postagens com dia e hora marcados (Sedex 10, 12 e Hoje). Por meio de nota, a empresa informou, ainda, que a paralisação “tem gerado forte impacto às operações da empresa em todo o país”. Os serviços Sedex e PAC, bem como o de correspondências, também sofrem com acréscimo de dias do prazo de entrega estipulado.

Um relatório da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) apontou que o Aeroporto Internacional do Recife-Guararapes/Gilberto Freyre, na Zona Sul da capital pernambucana, tem combustível suficiente para abastecer as aeronaves até esta quarta (23). A mesma situação ocorre nos aeroportos de Congonhas (São Paulo), Palmas (Tocantins), Maceió (Alagoas) e Aracaju (Sergipe).

Por meio de nota, a Infraero afirmou que monitora “o abastecimento de querosene de aviação por parte dos fornecedores que atuam nos terminais e já alertou aos operadores de aeronaves que avaliem seus planejamentos de voos para que cada um possa definir sua melhor estratégia de abastecimento de acordo com o estoque disponível na origem e destino do voo”.

No texto, ela recomendou aos passageiros que “procurem suas companhias para consultar a situação de seus voos” e aos operadores de aeronaves que “façam a consulta sobre a disponibilidade de combustível na origem e no destino do voo programado”. Por fim, o órgão disse que, apesar de compreender o direito de manifestação, entende “que os protestos devem ocorrer sem afetar o direito de ir e vir das pessoas, bem como a segurança das operações aeroportuárias”.

Notas do governo e da PM

Por meio de nota, o governo de Pernambuco informou que “está em reunião permanente com o objetivo de reagir de forma ágil e planejada para assegurar a manutenção da ordem e dos serviços públicos essenciais”. No texto, a administração estadual lembrou que “a solução para esse impasse, que está levando todo o Brasil ao colapso, está nas mãos do governo federal”.

Também através de nota, a Polícia Militar informou que “a prestação de serviços de segurança não sofrerá qualquer tipo de perda ou interrupção em relação ao policiamento ostensivo motorizado, o qual está sendo realizado em sua plenitude”. A PM afirmou, ainda, que “foi traçado um plano logístico alternativo para o abastecimento das viaturas, de maneira a assegurar a presença nas ruas dos policiais, na garantia da segurança dos cidadãos pernambucanos”.

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