PF investiga fraudes no Enem

Foto: G1

Via Diário de Pernambuco

A Polícia Federal, com apoio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), deflagrou na tarde de ontem a Operação Passe Fácil, visando coibir fraudes no Enem. Segundo a PF, foram cumpridas 31 ordens judiciais de condução coercitiva em 13 estados – Pernambuco, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Piauí, Paraná, Rio Grande e São Paulo – e no Distrito Federal. Em todas essas unidades da federação foi possível detectar indícios de fraudes. Uma pessoa foi conduzida na cidade de São José do Egito, a 404 km do Recife, no Sertão pernambucano. A ação foi realizada pela unidade da PF de Patos (PB), por proximidade.

A operação buscou desvendar e desarticular um esquema de candidatos interessados em fraudar o certame mediante a resolução da prova por especialistas chamados de “pilotos”, que posteriormente repassavam os gabaritos aos concorrentes que os contrataram, inclusive por utilização de pontos eletrônicos.
A suspeita ocorreu porque os 31 investigados tinham algum indício como o fato de já terem sido aprovados em outros exames para faculdades e cursos de alta concorrência, como medicina e engenharia. Outros sinais eram gabaritos idênticos ou performance muito boa em disciplinas específicas. Ainda não se sabe quais dos investigados eram concorrentes de fato ou realizavam a prova como “pilotos”.

De acordo com o delegado regional de combate ao crime organizado da Polícia Federal, Renato Madsen, as conduções coercitivas foram feitas com cautela e discrição, para não prejudicar outros candidatos.
“As pessoas eram monitoradas por esse histórico e depois esperamos que realizassem o exame. No local da prova acontecia a abordagem discretamente, evitando entrar em salas para não assustar ou provocar desconcentração. A principal forma de comunicação seria por meio do ponto eletrônico, mas estamos investigando até as formas mais básicas, como deixar respostas em banheiros, por exemplo”, pontuou. Na abordagem, os policiais apreendiam os celulares para ver as principais formas de comunicação. Através de revistas foi verificada a presença de fones ou pontos eletrônicos. Essas informações vão ser reunidas para fechar o cerco.

Os investigados foram ouvidos e liberados. Eles terão direito de se defender e, justificada a inocência, terão as provas corrigidas normalmente. A PF esclareceu que a operação não prejudica a segurança do Enem.

Os resultados da operação ainda estão sendo computados, mas já foi possível colher depoimentos e apreender celulares, o que confirmou a participação em fraudes em certames anteriores. “Um dos suspeitos chegou a confessar a participação em esquema de anos anteriores, mas não conseguiu passar porque não se deu bem na redação”, informou o delegado.

De acordo com a Polícia Federal, a operação busca garantir a lisura e a igualdade entre os candidatos. A investigação citou 31 pessoas, mas ainda pode aumentar o número de envolvidos suspeitos. Entre os potenciais crimes estão estelionato, uso de documento falso, fraudes em certames de interesse público e associação criminosa, cujas penas ultrapassam os 25 anos de reclusão.

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