Michel Temer sofre rejeição de 70% da população brasileira

Foto: Paulo Whitaker/ Reuters

Via VEJA

O governo do presidente Michel Temer (MDB) é reprovado por 70% dos brasileiros, segundo o Datafolha. Em meio a novas investigações que podem levar a uma terceira denúncia criminal contra Temer em menos de um ano e à declarada pretensão do emedebista de se candidatar à reeleição, o percentual da população que considera a gestão dele como ruim ou péssima se manteve o mesmo em relação ao levantamento anterior do instituto de pesquisas, divulgado em janeiro.

O Datafolha ainda mostra que, após um ano e dez meses no cargo, Temer tem seu governo considerado regular por 23% da população (eram 22% em janeiro) e ótimo ou bom por 6%, número que se manteve estável. Não souberam responder ao instituto de pesquisas 1% dos entrevistados, indicador que era de 2% no levantamento anterior.

Um mês após a divulgação do crescimento de 1% da economia brasileira em 2017, primeira elevação do PIB depois de dois anos de recessão, o governo Michel Temer teve a nota levemente aumentada pelos brasileiros, conforme o Datafolha. O número passou de 2,6 para 2,7. Segundo o instituto de pesquisas, 41% dos entrevistados deram nota zero à gestão do emedebista e apenas 2% concederam a nota máxima, dez.

Temer aposta na recuperação da economia como marca de seu governo e trunfo eleitoral. Se não for candidato à reeleição, ele busca se manter relevante na própria sucessão por meio de um candidato que defenda seu legado na campanha. Diante da dificuldade de encontrar nomes com tal disposição fora do Planalto, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles deixou o cargo e se filiou ao MDB com esse propósito. Assim como Temer, contudo, ele patina nas pesquisas de intenção de voto. Meirelles marcou 1% no Datafolha divulgado no último domingo, enquanto o presidente variou entre 1% e 2%.

Além da alta rejeição, que se traduz na baixa preferência do eleitorado, Michel Temer vê se aproximar dele as investigações do inquérito sobre o decreto dos Portos, editado por ele em 2017. A suspeita é a de que a medida assinada pelo presidente beneficiou empresas do ramo portuário, em especial a Rodrimar, que opera no porto de Santos, área de influência política de Temer.

Em março, foram presos no âmbito da apuração o advogado José Yunes e o coronel aposentado da Polícia Militar João Baptista Lima Filho, dois amigos do círculo mais próximo do presidente. Yunes e Lima são apontados como supostos intermediários de propina a Temer e a campanhas políticas do emedebista.

O avanço das investigações sobre os amigos de Michel Temer faz com que seja aventada a possibilidade de uma nova denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente, a terceira em menos de um ano. Em 2017, o ex-procurador-geral Rodrigo Janot apresentou duas acusações contra Temer, uma pelo crime de corrupção passiva e outra, por obstrução à Justiça e organização criminosa. As denúncias, ambas baseadas nas delações premiadas de executivos do Grupo J&F, foram barradas em votações na Câmara e estão suspensas até que o emedebista deixe a Presidência.

A pesquisa sobre a popularidade de Michel Temer foi feita pelo Datafolha entre os dias 11 e 13 de abril. Foram entrevistadas 4194 pessoas em 227 municípios brasileiros.

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