Maioria dos prefeitos de Pernambuco estão em busca da reeleição

Dos 184 prefeitos, 129 vão tentar segundo mandato em Pernambuco este ano

A pandemia provocada pelo novo coronavírus (covid-19) não impõe somente mudanças no calendário eleitoral, mas altera a dinâmica do pleito municipal. E não há uma balança que pese com exatidão o grau de dificuldade dos candidatos, sejam aqueles que estão na disputa pelo seu primeiro mandato ou quem está em busca da reeleição. Em Pernambuco, de acordo com o mapeamento levantado pelo JC, nas duas últimas semanas, dos 184 prefeitos eleitos em 2016, 129 vão pleitear o segundo mandato.

“Não existe um movimento único. Mas o desempenho dos gestores nesta crise sanitária será cobrado pelo eleitor, sobre quem colocou ou não a cara para bater. Essa e outras variáveis de cada cenário contam até mais que do que a mudança na data das eleições”, avalia a cientista política e professora na Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (FACHO) Priscila Lapa. No dia 1º de julho, a Câmara do Deputados aprovou, por 407 votos favoráveis e 70 contra, o adiamentos das eleições (PEC 18/2020), que ocorreria no primeiro e último domingos de outubro. E que agora serão realizadas nos dias 15 e 29 de novembro, por causa da pandemia. “Quem está no poder vai ter que apresentar resultados; para o postulante que não está, ele terá um tempo a mais. Se o adiamento tivesse ocorrido para o ano que vem, com esticamento de mandatos, haveria implicações políticas mais severas”, complementa a especialista.

Os partidos têm se apressado em discutir novos formatos de diálogos com o eleitor. Por conta das restrições de distanciamento social e aglomerações, as “campanhas de rua” terão que se adequar ao novo cenário. Nos municípios do interior do Estado, essas mudanças podem ter um impacto maior. “As caminhadas de ruas, os comícios, provavelmente não poderão ocorrer este ano. Não sabemos como a pandemia irá se comportar nesse período, há uma reabertura agora, mas pode haver o fechamento depois. Quem tem essa percepção não está apostando na campanha de rua”, comenta o professor da Asces-Unita e cientista político Vanuccio Pimentel.

As alianças também começam a se intensificar, principalmente porque nestas eleições não haverá coligações para chapas proporcionais. Para partidos que possuem uma estrutura maior, essa questão é avaliada como uma forma de fortalecimento. Em Pernambuco, o Democratas, por exemplo, apesar de sua estrutura, conta atualmente com quatro prefeituras (Cupira, Jupi, Macaparana e Bodocó). “Acredito que os partidos de oposição sairão fortalecidos desse processo eleitoral, nós temos uma presença razoável em polos estratégicos, como Garanhuns, Santa Cruz do Capibaribe, Caruaru, Gravatá Petrolina, Salgueiro. E devemos expandir esse leque para cidades de outras regiões, como Cupira, Belo Jardim, Catende. Serão candidaturas muito competitivas”, afirma o presidente estadual do DEM e pré-candidato a prefeito do Recife, Mendonça Filho.

O PT também pretende correr atrás de resultados mais expressivos, em termos de números, do que na última eleição. O partido conta com sete prefeitos – quatro deles vão entrar na corrida para o segundo mandato, em Tacaimbó, Águas Belas, Granito e Orocó – e lançará mais de 50 candidatos majoritários.

Segundo o presidente estadual da legenda, o deputado estadual Doriel Barros, as eleições municipais passam por um processo amplo de país e que por isso é necessário trabalhar em uma frente de esquerda unificada. No Recife, a Executiva Nacional defende a candidatura da deputada federal Marília Arraes. Mas líderes do diretório municipal e estadual têm defendido a permanência na Frente Popular capitaneada pelo PSB. “É importante uma frente ampla para termos força para fazermos debate sobre o projeto que temos de país, precisamos pensar em 2022, essa questão deveria estar fazendo parte desse contexto. Vamos ter alianças com o PCdoB, PSB, PSOL, PDT. Claro que em algumas cidades vamos ter uma disputa, mas o projeto maior tem que unir todos nós”, declara o dirigente petista.

Para os partidos menores, que buscam ampliar suas bases e dar capilaridade a sua representatividade nas regiões, essa eleição será uma questão de sobrevida. “Com a reforma política em 2017, também ficou estabelecida a cláusula de desempenho, então a estratégia de partidos como o Cidadania, Avante e PROS é ampliar ao máximo sua inserção nacional e criar lideranças que capturem votos em todos os estados para superar essa cláusula”, exemplifica Pimentel.

O Cidadania, partido liderado pelo deputado federal Daniel Coelho, que também é pré-candidato à Prefeitura do Recife, conta com dois gestores – o prefeito de Vicência (na Mata Norte), Guiga Nunes, e o prefeito de São José da Coroa Grande (Mata Sul), Jaziel Lages. Ambos vão concorrer à reeleição. “Nós temos no total 25 candidatos a prefeito, e alguns já despontam com um certo favoritismo. O Cidadania não tinha prefeito nenhum no Estado, poucos vereadores. Agora, estamos em municípios polo, como Salgueiro, Goiana, Serra Talhada, onde teremos candidatura própria consolidada”, afirma Coelho.

O Republicanos é outro partido que não tinha representantes majoritários, mas agora entra na disputa de 2020 com sete prefeitos. “Nosso trabalho tem focado na qualidade dos nossos quadros. Em 2016, não elegemos nenhum prefeito, mas, depois que assumimos o partido, estamos trabalhando para o seu crescimento. Devemos lançar entre 40 a 50 candidaturas estratégicas. Teremos candidatos em Jaboatão, Camaragibe, Pesqueira, Surubim”, declara o presidente estadual do Republicanos, o deputado federal Sílvio Costa Filho

O presidente estadual do PSL, partido pelo qual o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi eleito, Marcos Amaral, destacou que, mesmo só tendo um prefeito no Estado, em Araripina (Sertão), com Raimundo Pimentel, até então, o partido tem cerca de 15 pré-candidatos a prefeituras em Pernambuco, com forte disputa em alguns municípios.

“Efetivamente, teremos uma disputa muito grande em seis ou sete municípios. Temos prefeitos que estão com muita força na disputa eleitoral. Ao meu ver, o PSL sai muito fortalecido com essa quantidade de prefeitos que temos hoje. Se tivermos dois prefeitos eleitos, já crescemos, porque o número já será dobrado. Se tivermos três ou quatro, é uma vitória. Estamos disputando uma eleição muito diferente porque não temos mais coligação, os prefeitos estão fazendo a sua chapa. Sabemos das dificuldade que serão enfrentadas até a convenção para quem vai segurar como segunda via, mas também temos muitos candidatos a vice”, ressaltou.

FONTE: JC

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