“O que nos impacta mais nessa análise de dados é que há alguns anos, o número de mulheres nos cursos superiores brasileiros já ultrapassou o de homens e elas também costumam ter maior tempo de estudos e maior presença nas pós-graduações do país. Ou seja, apesar de estar mais capacitada, a mulher continua ganhando menos. Não existe nenhuma justificativa plausível para isso e por isso quisemos fazer essa análise, porque esse cenário só se muda com informação e educação”, explica Rui Gonçalves, gerente de relações institucionais do Quero Bolsa.
Em Pernambuco, por exemplo, a profissão de médico generalista apresenta diferença de 56,91% em relação a homens e mulheres. Eles ganham R$ 5.666,89, enquanto que elas, R$ 3.611. “Quem pode mudar isso são as novas gerações. Isso é um fenômeno cultural, o machismo. Então é preciso informação para os jovens, empoderamento feminino e mais educação”, completa.
“Juridicamente, a nossa constituição ela tem como um dos pilares o primado da igualdade, pessoas em situações iguais devem ser tratadas de formas iguais, credo, raça ou sexo e de uma série de outras coisas, escolha afetiva, deficiência, isso não deve influenciar. Mas, na prática, existe. O próprio Governo do Estado não dá exemplo. Quantos secretários são mulheres? Escolher homens para cargos mais altos também é um sintoma desse preconceito, que deve ser combatido”, reforça. Fato: das 27 pastas com status de secretária de Pernambuco, apenas três são ocupadas por mulheres. “Para quem se encontrar nessa situação com diferença salarial para a mesma função, se for funcionária pública, tem que divulgar, prestar queixa e colocar a boca no trombone, Já quem está no privado, deve buscar um advogado para ou fazer uma deúncia no Ministério Público do estado, ou ajuizar uma ação.”