Distanciamento social salvou 2 mil vidas no Recife, aponta secretário

Uma avaliação feita no Recife apontou que as medidas de distanciamento social e de restrições de movimentação de pessoas em espaços públicos, como parques e praias, têm sido essenciais para frear a propagação do novo coronavírus e já salvaram mais de 2 mil vidas na capital pernambucana. Dos 5.724 casos da Covid-19 confirmados no estado, 2.972 são de pessoas que moram no Recife, ou seja, 52% das confirmações. A cidade registrou 197 das 508 mortes ocorridas em Pernambuco.

O cálculo do número de mortes evitadas analisa projeções a partir de dados de outros países e cidades considerando informações locais da população. “Quando a gente projeta o crescimento do número de mortes em relação a outras cidades do mundo que não tiveram, relaxaram ou adotaram tardiamente o distanciamento social, corrigimos para o tamanho da nossa população e aplicamos essas taxas na nossa cidade. Essas 197 mortes que registramos podiam ser mais de 2 mil se não estivéssemos seguindo essas medidas. Quanto maior o distanciamento, menos mortes”, disse o secretário municipal de Saúde do Recife, Jailson Correia. “Quanto mais evetivo o isolamento, menos ele parece necessário, mas é isso que ajuda a fazer com que o sistema de saúde não entre em colapso”, completou o secretário municipal.

O secretário estadual de Saúde, André Longo, ressaltou que medidas de ampliação do distanciamento social no estado precisam do apoio do governo federal. “Para implementarmos um distanciamento social acima de 70%, com quarentena obrigatória no estado, precisamos da união de todas as esferas do poder executivo, com apoio das forças nacionais de segurança, mas não sentimos isso do governo federal no momento”, afirmou.

Uma ampliação do distanciamento social, com um bloqueio total – ou lockdown -, poderia ser adotada no estado caso houvesse apoio do governo federal. O bloqueio total consiste em fechar tudo, inclusive serviços essenciais, mantendo abertos apenas supermercados, hospitais e farmácias. Nesses casos, há necessidade de autorização, na maioria das vezes por autoridades policiais, para sair de casa.

Essa medida foi adotada em Fernando de Noronha. Para sair, os residentes do arquipélago precisam, desde o último dia 20, preencher um formulário e solicitar a autorização da administração distrital. Policiais militares fiscalizam as ruas e verificam quem está desrespeitando a quarentena. “Noronha tem uma condição geográfica ímpar no estado, que permite um monitoramento mais de perto”, explicou o secretário estadual. Atualmente, a ilha tem 28 casos confirmados.

“Não queremos repetir cenas que vimos em outros países e estamos vendo em outros estados, por isso, queremos reforçar a necessidade do distanciamento social, que será fundamental para tornar os dias que vêm menos tensos. Neste momento, salvar vidas é o que mais importa”, ressaltou André Longo.

Boletim

Nesta terça-feira (28), Pernambuco registrou 366 novos casos da Covid-19, sendo 196 casos leves e 170 de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag). Ao todo, o estado tem 5.724 confirmações da doença, sendo 3.858 casos mais graves e 1.866 leves. Até agora, os casos graves confirmados da doença estão distribuídos por 112 municípios, além do arquipélago de Fernando de Noronha e de ocorrências de pacientes de outros estados e países.

Dos quadros mais graves, 1.508 pacientes estão em isolamento domiciliar; 718 estão internados em enfermaria e 181 em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), tanto na rede pública quanto privada. Um total de 943 pacientes já são considerados curados no estado.

Em 24 horas, foram confirmadas mais 58 mortes – um novo recorde diário em Pernambuco. Agora, o estado totaliza 508 óbitos. As novas mortes registradas no último boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) ocorreram entre pacientes de 19 municípios pernambucanos: Abreu e Lima (2), Aliança (1), Arcoverde (1), Cabo de Santo Agostinho (1), Carnaíba (1), Custódia (1), Garanhuns (1), Goiana (3), Igarassu (1), Itapissuma (1), Jaboatão dos Guararapes (3), Nazaré da Mata (1), Olinda (7), Paulista (6), Recife (24), Salgueiro (1), São Lourenço da Mata (1), Sirinhaém (1), Vitória de Santo Antão (1).

As mortes aconteceram entre os dias 18 e 27 deste mês e foram registradas entre pessoas que tinham de 27 a 94 anos. Trinta desses pacientes tinham comorbidades, como histórico de hipertensão (19), diabetes (11), doença renal (5), doença cardiovascular (7), obesidade (4), doença pulmonar obstrutiva crônica (1) e hipotireoidismo (1) – o mesmo paciente pode ter mais de uma comorbidade. Os demais casos ainda estão em investigação para identificar se havia alguma doença preexistente.

Com relação à testagem dos profissionais de saúde com sintomas de gripe, até agora, 1.601 casos foram confirmados e 1.065 descartados no estado. Outros 1.837 casos ainda estão em investigação. As testagens abrangem os profissionais de todas as unidades de saúde, sejam da rede pública (estadual e municipal) ou privada.

No Recife, 250 novos casos foram confirmados nesta terça-feira. Desses, 168 eram casos leves e 82 foram classificados como Srag. Ao todo, a cidade tem 2.972 confirmações, sendo 1.937 de Síndrome Respiratória Aguda Grave e 1.035 casos leves. Foram registrados mais 15 mortes na capital pernambucana no último boletim epidemiológico. Com isso, a cidade chegou a 197 o número de óbitos. 

Testes

Pernambuco já processou 11.751 testes, sendo 487 nas últimas 24 horas. Do total, 8.110 foram analisados no Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE); 1.665 em laboratórios privados; 1.405 no Genomika Diagnósticos e 571 no Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz Pernambuco). A capacidade atual do estado é de 2,5 mil testes por semana.

FONTE: DP

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